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Outubro rosa | Cânce de Mama - Autoestima em mulheres com câncer de mama

Atualizado: 27 de set.




Mulher com câncer de mama em terapia para aumentar sua autoestima
A importância da autoestima das mulheres com câncer de mama | Outubro Rosa


Outubro rosa vem chamar nossa atenção para o câncer de mama e o impacto na autoestima das mulheres. O câncer de mama ocorre devido a multiplicações de determinadas células que desordenada e rapidamente se reproduzem, resultando o aparecimento de tumores, os quais, afetando tecidos vizinhos, produzem metástases (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2000), e tem sido um dos responsáveis pelos maiores índices de mortalidade no mundo e é hoje na saúde pública uma das principais preocupações (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2000). De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de mama no Brasil também representa uma das primeiras causas de óbitos em mulheres (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2000). Desde 1984, com o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, o país tem traçado e executado estratégias de enfrentamento para o controle e prevenção da doença, por meio de sua detecção precoce, com três ações importantes: a) autoexame das mamas, AEM, realizado de forma adequada; b)

exame clínico das mamas, ECM, feito por um profissional especializado e; c) mamografia (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 1997).


Na cultura brasileira, as mamas desempenham não só um papel fisiológico importante, mas, representam de maneira significativa o símbolo da feminilidade da mulher expressando beleza, sensualidade, sexualidade e erotismo (DUARTE, 2003). Ainda que a medicina tenha avançado significativamente, dada a importância das mamas, quando uma mulher recebe o diagnóstico de câncer de mama, é como se recebesse também uma “sentença de morte”, pois, se trata de um acontecimento de suma importância com implicações sociais, psicológicas e sexuais (KOVÁCS;AMORIM FILHO; SGORLON,1998; BOFF, 1999); implicações estética, de sexualidade, imagem corporal e maternidade(GIMENES, 1997; CANVER, 1993; GANDINI, 1995). Ou seja, o câncer de mama aparece permeado por sentimentos de medo da morte, rejeição, estigmatização, mutilação, efeitos colaterais do tratamento, incertezas, entre muitos outros, o que consequentemente afeta a qualidade de vida e autoestima das mulheres acometidas pela doença. Após o diagnóstico, as preocupações se voltam para o tratamento em si, custos envolvidos e, principalmente, a mutilação e a desfiguração, em paralelo às suas conseqüências (GIMENES; QUEIROZ, 1997). Uma situação de extremamente estressante para qualquer mulher.


Cabeda (2005) chama atenção para a imposição de um corpo perfeito na cultura ocidental e a valorização dos padrões estéticos, sendo o Brasil o país que mais realiza cirurgias plásticas, após os Estados Unidos da América. Uma mulher acometida pelo câncer de mama tem sua história marcada por uma imagem de vergonha, corrosão edesregramento orgânico. Afora isso, essa mulher é fortemente impactada por ansiedades, depressões, medos e distúrbios no autoconceito, em especial no referente à autoestima e imagem corporal (SANT’ANNA, 2005; GIMENES, 1997). Vamos ver algumas considerações de pesquisadores importantes sobre o tema:


"Após o diagnóstico, a paciente deve ser informada sobre a doença, os tipos de tratamentos existentes, a possibilidade de efeitos colaterais e os benefícios esperados. Diante da confirmação do diagnóstico da doença, a paciente geralmente sente-se atônita e sem condições emocionais para enfrentar de forma objetiva a fase de pré-operatório. Após o choque, instala-se normalmente um processo de negação, medo, angústia e insegurança, o que supõe a necessidade de um suporte emocional especializado." (AVELAR & SILVA, 2000)


"A doença age como um revelador da finitude da condição humana, mas também da existência de situações afetivas e sociais, ou seja, uma situação estabelecida, uma cobertura social eficiente, um casal harmonioso, uma família como base de apoio, um grupo de amigos. Ela revela o funcionamento das relações, escolhidas ou impostas, e mostra como e em que base elas são construídas." (DOUSSET, 1999)


"O relacionamento conjugal, se houver, é considerado por muitos autores como essencial para a reestruturação da autoestima da mulher, já que por consequência da perda do seio, a mulher tem sua autoimagem alterada, influenciando na sua autoconfiança. Nesse momento em que ela se sente inferior na sua feminilidade, atratividade e sexualidade, a presença do companheiro se torna imprescindível para a reabilitação." (ARÁN et al., 1996)


"O câncer de mama e a consequente cirurgia afetam as relações sociais, já que o câncer de mama ainda possui uma conotação de terminalidade, causando preconceito por parte das pessoas. Aliado a esse aspecto, o constrangimento, associado à doença estigmatizante, leva a mulher a se afastar do seu convívio social." (MELO, SILVA; FERNANDES, 2005)


Os estudos sobre mastectomia são em geral voltados para as implicações e/ou sexualidade das pacientes, pouco se fala a respeito do impacto da cirurgia na autoestima feminina. Baseados em abordagens teóricas, esses estudos trazem um olhar muito específico de cada área de interesse da pesquisa e de seus pressupostos teóricos, dos quais destacamos o campo da enfermagem com uma gama substancial de artigos científicos. No campo da psicologia as pesquisas em

mastectomia são mais limitadas e convergem em sua maioria para a sexualidade como ponto central de impacto da cirurgia. O presente trabalho objetivou compreender a influência da mastectomia na autoestima feminina, exclusivamente pelo ponto de vista da paciente, tendo em mente a enorme transformação física e psicológica vivenciada pela mulher:


Duarte e Andrade (2002) "observaram que as dificuldades encontradas na retomada da vida social após a mastectomia são caracterizadas por uma série de fantasias e medos, despertados pelo contato com o mundo externo, implicando numa mudança de comportamento em que as mulheres mais sociáveis tornaram-se mais reservadas. O primeiro contato que as mulheres estabelecem com o seu corpo é com o espelho. A percepção de que uma das mamas não está mais presente provoca sentimento de estranheza. Há, então, uma alteração na percepção do próprio corpo, que pode levar a sentimentos de insatisfação."


"A retirada das mamas através da mastectomia pode provocar na mulher um sentimento de castração e um abalo na imagem corporal, a mama é um símbolo de feminilidade, a amamentação representa a sua capacidade de criar e, em um nível mais inconsciente, o fato de ter sido criada." (BRENELLI; SHINZATO, 1994)


Em razão dessas considerações, há uma necessária de atenção especial no âmbito psicossocial, para entender como as mulheres enfrentam essa mudança e se há adaptação. Quais estímulos, mecanismos de enfrentamento e respostas comportamentais são importantes paramelhor compreensão das situações adaptativasassociadas à vida das mulheres mastectomizadas:


Prado (2002) "define um processo de enfrentamento como um conjunto de esforços que a pessoa utiliza para lidar com um determinado problema. Segundo a autora, esse enfrentamento é contextual visto que as limitações, os fatores pessoais, as exigências situacionais e os recursos de que a pessoa dispõe influenciam na seleção das estratégias de enfrentamento e no significado atribuído ao contexto da doença."


Portanto, o "Outubro Rosa" é de extrema relevância para uma maior conscientização da doença que não acomete somente o físico, mas também e, talvez possamos dizer, principalmente, a mente e o comportamento da mulher que passa por um câncer de mama. A literatura científica já provou o quanto é importante a saúde mental e a autoestima nessas circunstâncias, tanto para a adesão do tratamento quanto para sua resposta e prognóstico. Que possamos estar atentos e prontos na disseminação das informações a respeito do diagnóstico, tratamento e, principalmente, o acolhimento das mulheres acometidas.



Outubro Rosa | Autoestima das Mulheres com Câncer de Mama: com trechos do Projeto AUTOESTIMA EM MULHERES MASTECTOMIZADAS - Métodos de Investigação e Análise de Dados (Almeida, Simony; Cavalcante, Priscila; Kertesz, Gabriela; Santos, Ednilce. UAM, 2014).



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